quarta-feira, 26 de outubro de 2011

:: Notícia Valor Econômico: Carreira ::


O que devo fazer se não sou promovida?

Por Gilberto Guimarães - responde
Sou coordenadora em uma grande empresa há nove anos. Parte do meu trabalho exige que eu faça gestão de pessoas, mas minha rotina profissional ainda é bastante "mão na massa". No último ano, a empresa cresceu e duas profissionais que treinei foram promovidas. Fiquei feliz por elas, mas continuo no mesmo cargo. Quando abordei o assunto com meu chefe, ouvi que minha posição era muito estratégica e que ele precisava de alguém eficiente como eu para ocupá-la. Fiquei desapontada, pois senti que meu mérito se transformou em um "castigo". O que devo fazer?
Coordenadora, 36 anos:
Resposta:
Gerenciar a própria carreira é caminhar em uma faixa estreita entre a obsolescência e o esgotamento ('burn out'). O equilíbrio é difícil. A maioria das pessoas não tem um projeto de vida e de carreira bem definidos. Existem intenções e ideias, mas não uma estratégia e um plano de ação. É preciso tomar um pouco de distância do dia a dia e partir para a descoberta de motivações mais profundas, refletir sobre o que se quer. Um balanço de competências é uma boa ferramenta para isso.
De qualquer forma, é claro que quem não avança, anda para trás. Não se pode ficar muitos anos no mesmo cargo, fazendo as mesmas coisas, pois corre-se o risco de ser associado a uma única tarefa - primeiro degrau para a obsolescência. Mas é importante, porém, controlar a ambição e evitar aceitar qualquer chefia ou projeto.
Muitos jovens, sobretudo no mercado financeiro, acabam entrando muito cedo em 'burn out'. Aos trinta anos, só se pensa em ser chefe. No entanto, não é só esse o caminho para os altos postos. O fato de você ainda não ter um cargo com nome pomposo escrito no seu cartão de visita não é razão para desespero.
Há caminhos alternativos. Coordenar projetos importantes é um deles, assim como um planejamento estratégico ou uma reestruturação. É importante vivenciar grandes negociações ou tomada de decisões. Uma parada em um cargo de planejamento entre dois de gestão operacional pode proporcionar uma visão mais abrangente das coisas.
Vale ressaltar que os bons resultados sozinhos não são suficientes para fazer subir de escalão. É necessário saber se antecipar, colocar-se à frente, influenciar, convencer, gerenciar pessoas e aprender a sobreviver com muita habilidade política.
De qualquer forma, se você acha que chegou o momento de subir na hierarquia, é preciso aproveitar todas as ocasiões que se apresentam. Mas não acredite que sua empresa vai oferecer um plano de carreira. Cabe a você criar suas oportunidades. Um cargo gerencial não se pede, se conquista. Seus chefes têm que perceber em suas atitudes a aptidão e o desejo para conquistar essa posição.
Para ter sucesso, planeje muito bem sua vida e sua carreira. Defina o que você quer fazer, com quem e para quem. A carreira é apenas um veículo e não o destino. Esse veículo tem de ser adaptado às suas preferências e competências. Ter sucesso é poder fazer o que mais se gosta, sendo bem pago por isso. Não é preciso ser chefe.
Gilberto Guimarães é diretor da GG Consulting e da BPI no Brasil
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. As perguntas devem ser enviadas para:
E-mail: diva.executivo@valor.com.br

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